sábado, 11 de junho de 2011

12- D +8 - 350 KM DE BURACOS - sábado, 28 de maio de 2011

Saímos Alisson e eu às oito e meia da manhã em direção à Serra dos Carajás, onde a Vale explora minério de ferro. Seguimos pela antiga PA 150, recentemente transformada em BR, e que vive por um período de buraco negro de estado: o estado já entregou; o governo federal ainda não recebeu. Enquanto isso, a estrada se torna extremamente perigosa de dia, por causa dos buracos, e intransitável à noite, pela falta de policiamento. Passamos por postos policiais vazios durante todo o trajeto.



A estrada que vai de Redenção a Marabá


A caminho de Carajás passamos por Pau D’Arco, Rio Maria, Xinguara, Sapucaia e Gogó da Onça. Em Xinguara demos carona a um policial militar fardado, a caminho de Belém para uma audiência na Justiça Estadual para prestar esclarecimentos sobre seu comportamento por ocasião da desocupação de uma fazenda invadida por sem-terras, a pedido de moradores. Apesar de ter a passagem de ônibus custeada pela Corporação, preferiu viajar de carona por medo de uma abordagem do ônibus por bandidos. Deixamos o policial em Eldorado dos Carajás, onde saímos da PA 150 e pegamos a estrada em direção a Carajás.

Na Rodoviária de Curionópolis

Após passar por Curionópolis, chega-se a Parauapebas, uma cidade cuja pujança econômica impressiona, tendo inclusive um shopping center recém-inaugurado de consideráveis proporções.
Passando por Parauapebas vimos afinal um um portal semelhante a uma praça de pedágios, com os dizeres “Floresta Nacional de Carajás” . O acesso e administração são totalmente controlados pela Vale.
Nossos nomes são conferidos na porta, onde Dr. Marcelo já deixou a autorização, e seguiremos até determinado ponto, onde pegaremos o primeiro veículo de escolta.

Entrada da Floresta Nacional de Carajás
O caminho no primeiro veículo de escolta vai até outra “praça de pedágio”, essa já com os dizeres “mina de Carajás”. Dali embarcamos em outra caminhonete, em direção à mina.
Durante todo esse percurso temos o primeiro contato com a floresta equatorial, cortada por trinta quilômetros até a mina, e só então nos damos conta de qual era a vegetação original de todos aqueles mais de trezentos quilômetros já percorridos. No coração da floresta abre-se uma clareira: é o núcleo habitacional de Carajás, onde moram os funcionários da Vale. Muito bem estruturado, com belas casas, comércio, escolas e até um cinema, tem cerca de seis mil habitantes.Plantado no meio da floresta equatorial, me lembrou aquele filme "A Vila", do Shyamalan. Numa clareira no coração da floresta também fica o Aeroporto de Carajás.
O Núcleo Habitacional: seis mil habitantes no meio da selva (foto tirada de wikimapia.org/.../pt/Núcleo-Urbano-de-Carajás)

Estrada cortando a Floresta Nacional dos Carajás




Após um tempo, chega-se à mina. Caminhões gigantescos que chegam a carregar mais de duzentas toneladas transitam na paisagem lunar da maior mina de minério de ferro do mundo. Para quem já assistiu, parece uma daquelas cenas de filmes de ficcção onde humanos exploram minerais em planetas distantes, como Alien-O Resgate e Alien-Ressurection. Dentro do complexo não se pode transitar a pé,  e caminhonetes L200 levam mastros de dois metros de altura com bandeirolas para evitar serem desavisadamente esmagadas por um dos gigantescos caminhões de minério. Escavadeiras enormes depositam seus achados nos caminhões, que os lançam num simples mas eficiente sistema de processamento que terminará em vagões que atravessam o Pará e Maranhão até chegarem ao porto, em São Luís do Maranhão.
Tudo ao som de uma sinfonia de máquinas pesadas, rosnando grosso e constante como uma manada de animais pré-históricos.
É um trabalho impressionante, tudo tão organizado quanto superlativo.
Retornamos para pernoitar em Parauapebas, de onde partiríamos para conhecer o local onde ocorreu o chamado "Massacre de Eldorado dos Carajás".




Na foto acima é possível comparar o caminhão com uma caminhonete L200.


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